Mais livros, menos ignorância – A poesia no circo

por Ronaldo Domingues

Quando perguntei sobre o que se tratava o espetáculo Ex-Libris a resposta foi bem simples: “Ex-Libris é uma homenagem aos livros”.
Simplicidade. A beleza da vida está nessas coisas, como essa explicação singela daquilo que carrega uma complexidade oculta.

Entrevista com a Cia Vöel. Música ao vivo: Marc Sastre

Dentro de um livro encontramos vários mundos, conhecemos nossas origens, nossas histórias e estabelecemos conexões. Isso se percebe no gesto da criança e do morador de rua que se divertem ao folhear um livro de estórias, na lágrima que escapa do olho da garota no metrô, emocionada com as palavras de seu autor preferido, até o professor e o estudante que se conectam através de um escritor em comum.

As palavras viajam desde épocas remotas, e através dessa máquina do tempo nos contam um pouco do que jamais conseguiríamos imaginar. A ilusão da ficção, a rigidez da narrativa histórica, o drama, a comédia…Uma reunião de símbolos e códigos inventados, letras agrupadas, textos embaralhados. Tudo isso estabelece uma ligação entre quem somos e a qual lugar pertencemos. Os livros são as armas mais poderosas que temos contra a ignorância que avança de tempos em tempos. É através deles que aprendemos e desenvolvemos a nossa imaginação e o conhecimento.

“O que o conhecimento faz é gerar respeito pelo outro. E esse respeito se converte em amor pelo próximo.
A ignorância é exatamente o contrário. Eu acho que é por isso que se criam muitos conflitos.”

Marc Sastre

Ao entrar no Teatro Antunes Filho, espaço que carrega o nome de um importante diretor de teatro, que sabia fazer com maestria essa ponte do papel para o palco, foi como se estivéssemos abrindo um livro e entrando numa estória. Dessa vez a obra escolhida era de poesia, escrita pela Cia Vöel. Como mágica, a música de Marc Sastre nos conduzia através das estrofes, traduzidas pelos movimentos de Debi e Jordi.

A beleza plástica dessa mistura entre a leveza da dança e os gestos rígidos da técnica circence, a iluminação intimista e a cenografia de Ex-Libris nos transportaram para o universo poético, onde se pode sonhar com as infinitas possibilidades da vida e perceber a ignorância que a falta dessa conexão com o livro pode gerar.

Quanta força existe num gesto como carregar um livro nas mãos!?

Leia + : Grupo circense catalão coreografa os efeitos de uma boa leitura, crítica sobre o espetáculo Ex-Libris, escrita por Dib Carneiro Neto.

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O forte desse circo coreografado pelos espanhóis é a poesia visual que vai surgindo nas cenas e nos surpreendendo com encanto.
Tudo é metáfora, tudo é simbólico, representando plasticamente o quanto a leitura pode ter esse poder de nos fazer voar, nos fazer nos apaixonar, nos fazer dar cambalhotas pela vida.

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